segunda-feira, 23 de julho de 2012

então, e se de repente?

se eu morresse hoje, essa dor passava. o medo passava. a espinha parava de gritar. se eu morresse agora, minha cabeça parava de girar, meus olhos paravam de me fazer tonta e confusa. meu ouvido parava de zunir e essa sensação de que tudo vai explodir dentro de mim decerto que parava também. se eu morresse ontem, teria sofrido menos, teria sofrido só o de ontem e nada do que sofri hoje. quase não teria chorado porque ontem chorei pouco... se eu morresse ontem então era melhor. e se de repente eu morresse no mar? trupicava numa pedra, batia a cabeça caía e ficava por lá. pro infinito direto... pra imensidão. não haveria mesmo como ter então horizonte mais largo que o meu. aí sim... eu não vivia mais sofrendo assim, mesmo que seja só as vezes, é quase a morte, sorte desatinada.

hoje já é depois de não morrer. e minha espinha foi repuxada pela medula. depois de bem esticada foi toda torcidinha. e a vontade que eu tinha era de virar semente instantânea! existe um choro de quando a gente não sabe mais de nada. um choro de lágrima cheia de desespero, rolando abandonada. expressão sem freio. sem explicação. mas a maior parte do tempo eu seguro bem. sustento a banca. seguro firme mesmo. toco a vida. seguro a onda, tento. tento muito. chego a acreditar que está cada vez melhor. sim. nem é difícil porque tenho bons motivos e fortes indícios disso. ter me permitido uma paixão boa. um amorzinho... tentar trabalhar sério. tentar construir uma história séria com uma paixão renovadora e inspiradora. mas até isso anda me frustrando. merda! como está tudo parecendo tão longe.tantas vontades, cobranças e dúvidas irrespiráveis! qualquer preocupação pequena se desproporciona... se eu morresse hoje, quem sentiria falta? talvez poucos. os mais importantes, sim. poucos... o que deixaria de acontecer de importante? talvez nada. nadica. se eu morresse hoje, alguém mudaria? alguém iria se arrepender? alguém parava pra pensar no valor e na força que as coisas podem ter? se eu morria anteontem. eram dois dias a menos de dor. de dores inexplicáveis. se ontem eu morria. morreria eu, somente. nada mais morria...

a maior parte do tempo, as pessoas não conseguem perceber nem minimamente oque acontece do íntimo da gente. as vezes só penso em acabar com tudo enquanto converso sobre coisas triviais e ainda tem essa culpa de não poder pensar essas coisas, esse peso de diagnóstico inóspito que não me adianta, esse monte de pequenas bolinhas que só detonam oque poderia se sustentar de alegre no meu organismo nos dias de lua baixa... males que vêm pra bem... as vezes não sei pra quem...

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