quinta-feira, 5 de março de 2015

cartilha para cuidar de uma árvore

essa cartilha vai de cara com um abre caminho para ouvir e inspirar !
porque agora eu sou...

uma árvore. 
forte. 
bonita. 

e com raízes.

causos carnaválias... aconteceu por aqui d'eu descobrir que também sou árvore. e preciso dar frutos! porque uma árvore que não frutifica não justifica. não é justo ser árvore com tronco e membros e não florescer nem alimentar o mundo. é preciso ser passarinho para voar. eu sei voar. mas é preciso ser árvore para ter casa, sombra, água, alimento e... todo meu ser-passarinho muito se anima em pensar em largos horizontes e uma casa grandiosa. é preciso ser árvore também nesse mundo. para ser passarinho com ninho e tudo. tendo o céu como limite. tendo casa sem ter gaiola.


exigente e extrema. eu não poderia ser de qualquer espécime. um ipê colorido e bonitinho na beira da estrada ou um manacá de muitas cores, não. jamais seria um bonsai. não me cabe. ainda no útero de minha existência me contaram que eu teria a força da mãe, a força da vó, o sangue de muitas guerras. e eu ouvi mais: "desenvolva raízes fortes, tronco grosso. seja imponente e gentil." parecia óbvio, mas eu jamais havia percebido o significado mais visível impossível: você há de ser árvore!

hoje eu penso que minhas asas desenhadas pelos índios. são também folhas nos galhos. tem muitos significados possíveis. não vai ser fácil passar esse período sem voar. para poder promover os andaimes e a estruturação das novas condições. vai ser muito duro. mas não se aprofundam as raízes sem enfrentar a resistência da terra. dói muito. crescer dói muito. hoje enxergo que sempre fui assim só não percebia ou não aceitava. aceitar vai me proporcionar o desenvolvimento. é chegada a hora.

para cativar essa árvore...
é preciso tempo paciência passarinho semente chão nutrientes e aceitação. é preciso saber ler as instruções dos manuais escritos nas estrelas e nas tríades aumentadas cujo resumo procuro mostrar aqui. é preciso vontade de achar o tesouro mais fundo e cheio de armadilhas do mundo! é preciso ter certeza que sua ilha nunca mais ficará deserta e que por saber nadar você não está preso à ela. habitas por morada. somente imbuído desse desejo você poderá cultivar uma dama imbondeira.

muito antes disso tinha um príncipe pequeno. viajante habitante de uma planeta pequeno. com sérios problemas existenciais com sua flor pequena. uma rosa. como os guimarães também viajantes... sua flor era linda e orgulhosa. e ele precisava destruir as árvores. não podia deixar crescerem posto que lhe ocupariam todo o planeta de tal forma que nem uma manada de elefantes empilhada poderia resolver a questão do espaço. não haveria mais espaço para ele. nem para a rosa. quiçá não haveria mais planeta. ele conta o caso de um preguiçoso que perdeu seu planeta para três dessas. sobrando-lhe a difícil vida de viver de galho em galho. já que só poderia mesmo viver nas copas frondosas e cada vez mais altas. o preguiçoso não tinha mais um planeta para si. mas tinha um mapa arborizado e frutos para sua alimentação e tudo mais. ficava mais e mais longe do solo firme planetário. e cada vez mais perto das estrelas. mas o príncipe solitário caçoava e ria dele. julgando-o como um preguiçoso mal sucedido e atrapalhado. mal sabia o quão bem ele vivia.

isso não importa. vale dizer com este exemplo que em se desejando cativar determinados tipos de árvores - o que definitivamente precisa ser uma escolha - é necessário decidir-se entre a rosa orgulhosa e seus caprichos ou a árvore frondosa que lhe cobrirá com largas sombras cujas raízes vão penetrar o solo profundamente e cuja força pode te levar mais alto do que se supõe ser possível. de ir tão alto que irão. por isso: você precisa estar disposto à altura! sem medos incontroláveis. disposto a conviver com sua presença direta ou indireta inevitável e eterna pois a árvore ficará grande e tendo crescido provavelmente viverá mais do que você.

para cultivar essa árvore...
observe suas preferências. avalie o seu solo. se você habitar um planeta grande o suficiente poderá conviver tranquilamente tanto mantendo os pés no chão para caminhar por si como degustanado da sombra dos frutos e da possibilidade de viver também nos galhos e na altitude. caso não tenha lugar suficiente para o convívio de todas as possibilidades no seu planeta, será preciso estar pronto para ser invadido e tomado por todos os lados. você terá menos opções mas viverá com folga. sempre longe do chão. é extremamente importante saber que é preciso avaliar suas condições e escolher. caso o seu planeta seja muito pequeno como o do príncipe. talvez você queira eliminar os pequenos brotos e garantir ter seu espaço e nehuma árvore jamais se desenvolverá. dependendo do tamanho em que se encontra a sua plantada você pode também enfrentar uma viagem levando-a e plantado em local adequado, com espaço suficiente para suas aspirações. mas se você não levar a sua árvore junto com você. bem, nesse caso, haverão outras árvores ou...

entretanto, esse mesmo principezinho, ao voar para o mundo e entregar-se à jornada de seu reencontro escolhia deixar sua rosa sozinha e seu planeta sem toilete deixando assim as árvores livres para crescerem sem seu julgamento ou critério. nessas condições cresceram árvores por lá sem nenhum cultivo, sem carinho, sem poda, sem nada. sem dono. então ele jamais cativou nenhuma árvore. mas isso foi preciso naquele caso, porque o voo realizado foi mais importante para ele do que tudo! rosas ou grandes árvores. os elefantes jamais andaram por lá... mas ele conheceu a raposa o aviador, ganhou um carneiro e depois encontrou a cobra. e foi feliz. sem flores nem frutos. foi feliz com o amor que se tira de dentro de um poço, lentamente, com um balde de lata e uma corda fina, sisal molhado, com muito cuidado. calma, tempo, jeito e sede. se não estiver com sede de verdade não terá motivação suficiente para buscar essa bebida específica. uma água que só existe em dois lugares ambos profundos: poços mágicos, dos desejos, cheios de moedas-símbolo e com as dificuldades descritas; e dentro do coração das plantas cuja liquidez supera toda sede. no âmago dos troncos que não marcam o passar do tempo e dos anos. aí você teria que cativar uma árvore. mas não pretendo falar desse amor. seria falar de um outro assunto. primeiro a árvore que edifica! depois pensaremos no que há de... além das raízes, claro.

assim, voltando ao tema arbóreo: um lugar dedicado às curiosidades bem já havia dito que a largura desse tronco nativo da ilha do amor, vejam só... é monumentalmente inigualável. e... que geralmente geradas perto da linha equilibrista, vejam só... as árvores plantadas de ponta cabeça com estrondosos e extraordinários troncos carregam vidas incontáveis de milhares de centenas de anos e normalmente passam nove meses todo ano preparando renovar folhagem. nove meses. como a gestação dos chimpanzés, dos gorillaz que já me deram tantos 'bom dia', dos orangotangos ou de outros macaquinhos como os tais seres humanos. mas nunca nascem pequenos micos, pois estes são frutos de gestações bem menores e menos dispendiosas. assim, os quadris da árvore fazem seu tronco ser metaforicamente capaz de inventar uma criança humana, mesmo que ela prefira a prática de gestações mais curtas entre trinta e cento sessenta dias. ela não consegue, ela precisa demorar mais. para ter estes animais pequenos, deverá recorrer à outros meios e contar com ajuda enquanto que para seus frutos próprios precisará mesmo de mais paciência e energia. a natureza é a natureza e tem suas razões e proporções perfeitas. imutáveis. certas árvores além da paciência para produzir folhas e frutos dependem ainda de seu manejo, cultivo e recolhimento. e... todos os frutos só existirão plenamente se alguém degustá-los para seu prazer ou nutrição ou se ficarem para semente. é assim como a arte. se não for adiante em algum sentido, sua existência é bastante prejudicada a ponto de sequer existir de fato. além do mais, se podem aproveitar dessa árvore também raízes e casca, mais nutritivos que o leite materno e mais antioxidantes que muita fruta cítrica. seu fruto agridoce não escapa à percepção nem dos paladares mais sem sal.

para caprichar com a sua árvore...
tem que colher os frutos. tem que saber que terá um reservatório de sentimentos e possibilidades muito maior do que o necessário para uma pequena família apenas. tem que saber respeitar o fato de ela não ter anéis e saber que isso apenas fortalece e provoca uma convergência de tudo com tudo em suas memórias. não haverá diferença entre sentimento presente e passado. cada marca que nela se registrar ficará misturada entre todas as outras gerações de edificações. tem que ter paciência e estar preparado para surpresas boas e más pois nunca se sabe qual tipo de macaco ela vai produzir. e, tendo recolhido um fruto, deve saber que ele precisa seguir um destino adiante e respeitar a natureza da sua árvore. e, dada a utilização, consideram-se frutos tanto os objetos dos nove meses depois de fecundos quanto raízes galhos folhas sementes e o ôco. se quiser ver o ôco verá o líquido. matar a sede com a água do coração da grande árvore. seu interior sentimento água e tudo mais entre outras coisas é capaz até de curar certas doenças.

cativar é uma escolha precisada de paciência. cultivar é uma missão que exige disposição. caprichar é a melhor forma de ter a árvore em sua plenitude e aproveitar de todo o potencial dela para si.

além de toda a mega curiosidade e mais do que descobrir que eu sou árvore. eu agora já fui qualificada e especificada. de acordo com minha imaginação e percepções sobre mim mesma. fui especificada por acaso, por um embalo musical e um comentário que poderia ser um emoticon qualquer. uma simpatia xameguenta aleatória me qualificou sem muito critério e com alguma justeza. acharam-me na espécie das calabaceiras embondeiras da família científica das andasonias. acharia mais proposital chama-las de 'andam sofias' dada a extrema capacidade de armazenamento de conhecimento e poder líquido em seus fabulosos troncos. por haverem seis diferentes tipos, ainda precisava procurar um pouco mais por mim mesma dentro deste catálogo. e assim me deparei com uma dúvida extrema: se sou africana ou brasileira. pois não sei se o deserto explícito é mais potente do que a assustadora imaginação nem qual me fita.

quando chico cantou, profetizava um assentamento. outro lugar de se morar. onde se via campo campina e capim. porque foram embora e de lá se via o mundo. horizonte largo. e a tal árvore simbolizando o outro espaço! onde a cidade não mora. onde a terra está de bem. o vento semeia e as sementes são boas. o chico zanzando hipnotiza. a chepa. o fim de feira. a melhor hora de pechinchar e poder comer mais fruta com menos gasto. cansado de guerra. ele cita o viajante das rosas fala da morte e de quando e onde vamos. quando eu morrer... me enterre na latinha. por interpretação materna. e que depois o vento me leve pr'além do chapadão. pr'além mar. para ir ser corpo sem matéria. ser poeira dentro de uma caixinha de música. junto de outros jovens merecedores da estrela da luz mais cedo. depois disso, joão e maria fazem pensar que o sonho não tem fim. nem quando termina. porque o rei-juíz nos obriga à felicidade... ouvir me faz pensar em noites sem fim. e no que a vida vai fazer de mim... se andar nua poderia bastar? se ser admirável servia? se meu timbre grave superaria os agudinhos gritantes?

eu sou muito mais lenta do que a raposa... tanto que para o cativo é necessária tanta paciência e tanto tempo a mais. poucos caminhantes andarilham tanto a ponto de chegar às vias. são pequenos e perseverantes passos. e apelidos como passarinhos gatos e outras fofuras quase sem querer, assim como essa que descortinou-me o novo formato. "você é meu baobá" achei estranho quando ouvi. ainda assim interpretei um carinho bom. mesmo que só tenha sido depois de muitas e muitas voltas. muitos e muitos rodeios eu tive certeza que para o interlocutor difuso um baboá é... uma árvore forte bonita e com raízes. isso me faz sentir menos daninha e menos danosa. me faz sentir frondosa.
mas nada me tira o medo d'ele cismar em ser príncipezinho e nunca viajar. porque se ficar somente num planeta onde não caiba um baobá. sofro o sério risco de merecer ser toilete precisada de ser cortada. tosada. tolhida e arruinada. ou pior que isso: ele pode achar que precisa ser príncipe, como um deslumbrado, quando o que eu quero e preciso é de um caçador que ande em média trinta milhas por dia. todo dia. ancestral. forte. neandertalês. que contribua efetivamente com minha impermanente permanência e permeabilidade dura. que cuide dos morcegos polinizadores para que nenhum vampiro se disfarce entre eles a me sugar os estoques.

é sabido que em são paulo, pouco antes d'eu acordar cachoeira inesquecível, desfilou no anhembi, antiga terra dos circos paulistanos, uma escola nenê cantando versos carnavalescos tais a esperança germinou, mesmo que seja a dor. plantaram o baobá sagrado da vida. trazia liberdade e independência para formar um forte laço. assim espero então ser lida em moçambique. também em guiné-bissau e angola e todos os países lusófonos negros. o samba ainda trazia mar, sereias e dragões e demônios invasores e... um eldorado de riquezas, histórias, sabedoria e legados ofertados pelo tempo. me arrepiei igual agora com a carioquesca agremição da virada e do ouro voltando esse ano ao grupo especial por ser campeã noutra categoria ano passado... desfilaria as nove horas se não fosse a chuva. dadas as condições naturais o samba demorou mais. igual demorei para nascer e como meus frutos demoram mais do que eu gostaria que demorassem. igual a minha obra cujo momento sempre enrola. a forma surpreende e... a escola entra agora com uma hora de atraso, nesse exato momento em que escrevo aqui, na aba do navegador bem ao lado em transmissão ao vivo. no tempo mandado pela água, vejam só... cantando em seu enredo versos como: espalhar coisas transcendentais, respeito aos céus, terras e mares. amor liberdade e a força de um baobá. com tanta luz no pensar e a criatividade. escuto isso arrepiada, lendo a letra aqui chorando feito uma criança assustada. universo bendito, eu sou um baobá. semente de felicidade, fim de toda a opressão. sonhos tirados do fogão magia da canção. carnaval é fogo samba corre nas veias... é preciso atitude de assumir. a-lá-lá-ô esse enredo...

imagens fortes de liberdade com correntes quebradas na comissão de frente. com o baobá sendo trazido pela força dos componentes que abraçaram a ideia. a coreografia. tudo... acabo de saber que além das curiosidades já expostas, a baboá d'uma certa lenda era tão mexeriqueira e infernizava à um certo deus tanto tanto tanto que foi arrancada e plantada de cabeça para baixo. talvez por isso. tamanhas confusões e sofrimentos. talvez explique a capacidade de armazenagem! essa cisma. essa teimosia. esse jeito de persistir e existir. parece que outras escolas de samba também falarão da áfrica e possivelmente farão menções à minha espécie. mas essa especialmente me parece ser importante porque não fala do sofrimento e da derrota, é positiva e celebrativa. chuva apaga luz pega fogo e é tudo misterioso e surpreendente e... isso é a arte à ceu aberto. combina com minha relação com a rua. e a arte na rua. a exposição à tudo que pode acontecer! e o show não pode parar.

não consigo parar de me perguntar ou agradecer ou eu nem sei o que... à sincronicidade imensa e poderosa das pequenas imagens, sensações e evoluções internas. eu sei que ele não sabia que essa imagem seria tão forte intensa presente real e profundamente... 'andar sofia' ando helena eu filosofando em mim mesma um poço sagrado tão... eu já chorei rios, estou chorando agora o atlântico inteiro e já nem sei se faz sentido descobrir se sou como a brasilidade de uma imaginação ou a africana certeza do espaço largo e... posso ser talvez um híbrido de todas as categorias dela porque estou cá mas certamente o além mar foi minha rota. meu rio atlântico reúne os continentes!

então, se ele foi ver a árvore desfilar ou se ficou atento às suas questões musicais tanto faz. se desceu por mim é bom e se pensava em caçar na vida me incluindo em sua paisagem é bom também. a indiferença absoluta é inaceitável. ninguém jamais conseguirá cultivar uma árvore ignorando-a. eu mesma não sou boa para cuidar de plantas. um vegetal não tem as capacidades para me atrair. agora entendo o porque... me aproximo de aves e caçadores corajosos. porque sou eu a angiosperma. planta sendo, não cuidarei de outras plantas mas de todo o resto.

e é que o baobá também é música pra mais de um carnaval apenas. com uma porção de gente que provavelmente já não mais existe além dos existentes novos caminhos abertos recentes. sendo assim, não apenas um samba enredo ou canção mas um organismo coletivo que, como muitas bandas, se apropriava de influências dessas que voam com ventos fortes pelo mundo... engraçado. e que sua melhor música na minha opinião se chama 'down down' cuja letra ainda não transcrita, só pelo título me faz pensar em ir casa vez mais fundo. hei de transcrever ainda esses versos cantados em língua estrangeira na tentativa de serem originalmente mundiais. e curiosamente um dos lugares onde mais se divulgava sua recordação chamava-se 'sete vidas' e... trazia somente essas lembrancinhas das profundezas. o que me fez lembrar da ilha do tesouro mais profundo e aparentemente inalcançável do mundo novamente. oak. porque a maluquice vai longe. não tem limites. só aumenta. assim como o amor que eu descrevi nos princípios ou nem tanto dessa cartilha. e os gatos miam porque são gatos. coelhos não. coelhos e lebres tem gestações curtas e uma fertilidade desigual procriando como se não houvesse futuro para a espécie, não são tão capazes de cuidar dos filhotes e assim muitos morrem desperdiçados como desejos de montanha russa que nunca caminham na planície, nem voam sobre os oceanos porque estão presos nos trilhos apaixonados de altos e baixos... animais que vivem num "até quando?" provavelmente encontram-se encarceirados em seus incômodos com sua própria pobreza genética, precisam somente de ninhadas em desperdício por causa da miséria de sua condição, presas fáceis, seus medos só serão superados se assumirem-se em um animal maior. definitivamente entendendo porque o leão não tem medo do rato. os ratos precisam ter dezenas de filhos. o leão não, ele precisa de território conquistado, tantas fêmeas quanto conseguir prover, incluindo o intenso acasalamento que se repete incontáveis vezes ocasionalmente durante mais de um dia. além disso o leão precisa de uma savana para chamar de sua com uma grande árvore para descansar e seu território cada vez maior, quanto mais ele puder andar.

por isso, enquanto pode se pensar, principalmente nos teatros, que o papel da árvore é menor inferior menos fundamental e que ser um cenário vivo é coisa de pouca importância a natureza biológica meioambiental alarma constantemente sobre a definitiva importâncias das árvores! existe ainda sobremaneira a árvore dos hatha e outros variáveis modernos que é símbolo de equilíbrio e força com seus galhos firmes e galhos bem acima da cabeça. existe a árvore dos pequenos príncipes, um dilema entre o cultivo e o abandono. há a importância vital para os ecossistemas e também para os sistemas humanos. hoje eu vejo o samba sair e procuro você na confusão do quem-te-viu-quem-te-vê mas acho em mim mesma raízes galhos troncos e ninhos. um aconchego preparado ficar, para sentar e ver o carnaval passar enquanto o melhor caçador de todos os tempos corre atrás de seus espirais. a solidão é uma escolha. árvore sim. sozinha nunca. ele está caçando para mim. para nós. tendo muita fruta, sendo diversa e diversificada sendo assim tantas e tantas eu-mesma-em-mim-mesmas que não há solidão fora de mim enquanto minha loucura habitar-me a mente. eternamente. a natureza é sábia, perfeita e imutável. eu não conseguiria mesmo viver sozinha. fêmea sendo, faço e amo mais de uma coisa ao mesmo tempo. eu sou árvore e o pensamento é arborizado. a marquês de sapucaí está encharcada. o marquês de sabará nunca esteve tão bonito e recheado.

oxalá axé meu orixá. não tenho santo na cabeça. faz diferença pouca porque afinal, a cabeça está enterrada. tenho as raízes eternamente ligadas a todas as correntes e famílias. dos ciganos, dos caboclos, dos guerreiros, dos índios, dos portugueses e a porra toda! o carnaval está me ressignificando tão mais do que eu imaginava ser possível. que amanhã eu não serei mais eu. nunca mais. de hoje pra frente, eu sou um baobá. é incontrolavelmente simbólico demais para uma existência pequena. por isso, eu sou um baobá. se fosse outra árvore eu não aguentaria tanto. essa intensidade não é dádiva de todo e qualquer ser vivente, desculpem-me os que acreditam que qualquer um é capaz se quiser se desenvolver. tem coisas que só nascendo escolhido. não é possível. eu nunca vou conseguir descrever ou dividir o que estou sentindo. mas desejo profundamente que folhas, cascas, raízes, frutos, líquidos em sentimentos e tudo mais que se possa colher de mim. que fique, que seja mais do que esse tronco e membro aparentemente fracos. e que a colheita seja coletiva. libertária alegre e festiva. sofro catarses, não tem medida. é muito, muito, muito o que tenho. a fartura de borboletas em mim tem tantas cores que o azul do céu nunca - ou quase nunca, porque... o azul do céu nunca ficará limpo, sempre enfeitado com as fadísticas criaturas e entes e elementos. e eu não sei como posso, nem como consigo... mas eu sou um baobá. não pise na jaca! o desfile acabou. o carnaval não. a festa não termina nunca pra quem brinca de trocar a fantasia.

esta cartilha foi escrita para uma pessoa específica que provavelmente será capaz de captar todos os seus signos. ou não. entretanto, todas as informações têm fundamento real. no mundo das coisas e dentro do meu mundo. caso você não tenha um arcabouço de ferramentas tão grande para interpretar meu interior poderá interpretar-me à sua maneira a partir dos acontecidos externos e realísticos. fato que a descoberta exigirá paciência, desejo e empenho. não poderia mesmo ser diferente. também pode interpretar somente o texto e nunca à mim especialmente. o texto ensina a cultivar árvores em geral também. você pode conhecer alguma... ou descobrir...

deixo aqui registradas algumas referências inspiratórias relevantes: seu buarque e sua família e seu dom de sinonimizar, uma mãe negra, um cara curioso, o antigo conjunto dos baobás entre outras trupes citadas na abertura e canções indicações na madrugada amiga, as escolas carnavalescas: uma carioca e uma paulista nenê da vila da vó emprestada e seus enredos de "dia de graça" e "coisas sagradas" agradeço todas as inspirações! e mais... sempre mais.

escrito em plena loucura da avenida. revisado com lucidez.
causos carnaválias. vejam só vocês...
eu sou um baobá!

hashtags: procriação. instintos. desejos. volátil. críticas comparativas. dramaticidade. honestidade. inseguranças. reações. posturas. baobá. panda. pingüim.

Um comentário:

  1. Você é árvore frondosa, baobá com pernas de pau a andar pela cidade, é folha que brinca nas alturas e rodopia pelos ares, nas acrobacias de circo, nos saltos sem rede, você dá a sombra e o aconchego da sua amizade, mesmo que a distância física me lembre a África dos Baobás que nunca vi, mas que sei grandes, fortes, belos e protetores.
    Azar do Príncipe que achou que os elefantes não pisariam as rosas. Eu não sou Príncipe, mas sou feliz porque Manu é minha árvore preferida entre tantas da floresta de meus amigos! E viva o Carnaval, que não tem Príncipe, tem Rei!
    Bei...Johny

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