sexta-feira, 28 de junho de 2013

por causa de um novo mundo !

/ 'vai demorar muito para mudar?' uma ótima pergunta. mas antes, é bom saber para onde se quer ir, e como. a pressa não ajuda, mais importante é a direção. bem disse algum poeta. então, vamos para o novo mundo? / este texto é uma resposta com um atraso fenomenal à certo outro escrito há tempos atrás num blog que escreve em conta-gotas sobre causos de coisas estranhas que aconteceram... esse texto também foi escrito em conta-gotas. incontáveis doses homeopáticas de carinho, desabafo e deslumbramento misturados. uma devoção cuidadosa. de muito amor. de muitas entregas. ao som desta sinfonia eu escrevi. ao som desta sinfonia muitas coisas já vivemos, conversamos, pensamos... / algumas palavras motivaram-me a escrever isso. e depois muitas outras palavras e pensamentos mais. vou reproduzir aqui alguns, do meu jeito conforme a minha interpretação... 'eu descobri que os bons vão mais cedo' bem não é à toa que é um provérbio, é bem verdade... 'mudei comportamentos que gostava' é doloroso e inevitável. mas sempre, sempre podemos ir atrás do que gostamos. 'precisava falar' talvez seja esse o problema. talvez existe já um prévio conhecimento ou ideia de ambas as partes do que pode ser ouvido sobre tal ou qual assunto. isso nos trava. uma pré ideia tipo um preconceito... muitas vezes bem fundada na análise cotidiana do comportamento. mas eu, ao me calar buscando promover, acabo promovendo uma sensação absurda e estranha de abandono. que confusão. 'chorei de verdade' chorar é bom, se alivia é ótimo. eu tenho dificuldades, e gosto quando consigo chorar. eu também devia chorar mais. /


/ primeiro movimento / adágio. antes de reportar à ideia de andamento lento e vagaroso quando da execução de uma obra musical... adágio se refere à  um tipo de sentença, uma máxima, certo tipo de maldição ou encantamento. é uma espécie de provérbio que recorda com seriedade o que é usual. / deparar-se com algo novo causa impacto. impactos de todo tipo. quando olhei pela primeira ver para aquela paisagem, soube, tive certeza, decidi que eu iria morar ali. ao primeiro contato físico tive o que se chama em seriados caducos e consultórios para caducos de 'salto de fé'. alguma coisa mudou para sempre. coisa que claramente acontece todos os dias conosco, mas que em certas circunstâncias têm um contorno mais nítido, um colorido mais forte. minhas certezas só aumentavam... estar numa nova situação causa impacto. de repente, diariamente imersos num mundo novo e diverso e incrível e fascinante... é preciso atenção para lembrar de respirar quando se jogar no rio, quando mergulhar naquele mar... é lindo. mas uma hora você começa a se deparar com os espinhos, mazelas e pendengas da novidade. a perfeição não existe. / deparar-se com algo novo causa impacto. pode ser um deslumbre. pode ser decepção. pode ser os dois. foi os dois. de um lado, um não entendeu bem, entendeu meio errado, com uma interpretação limitada. do outro, foi quase a mesma coisa, mas o fator limitador era uma tarefa inadiável de verdade e bastante dolorosa... para os dois lados uma marca foi clara. a importância de um para o outro já era maior do que se pensava. já era repleta. até hoje eu não sei quem morreu naquele dia. até hoje eu fico triste por não ter estado lá. perto e junto. e sempre agradeço uns tais  quais eu não sei se conheço ou pelo menos nunca consegui conectar a nenhuma outra história... os cavalos atravessam os campos desbravando mundos rumo ao oeste! / deparar-se com algo novo as vezes assusta. e nem sempre o que assunta é o novo... as vezes nos assustamos internamente. um medo de quem poderemos vir-a-ser naquele fim de mundo. num primeiro momento ele era apaixonado pelo novo mundo, me mostrava cada pedaço de terra e cada tronco de árvore como se fosse a coisa mais linda do mundo, com uma alegria estonteante e contagiante e... é fato que à essa altura do campeonato, já se cansou. por muitas razões. o lugar nunca vai deixar de ser lindo. sabemos. o olhar, mesmo que saiba da beleza, reconheça e goste. o olhar muda. sempre muda. podemos tentar resistir... temos duas escolhas, voltar atrás, ir embora. mas esquecer seria impossível... e abandonar o sonho, uma frustração ainda maior! um absurdo deixar-se ir pelo temor e abandonar tantas certezas. a outra escolha é enfrentar. achar também vossa cavalaria, montar e seguir viagem, sabendo que cada relinchar te faz mais atento, alerta sua escuta, aguça tua visão. e as conquistas maiores lá estão, longe, muito longe. em cada passo da cavalgada. que eu e meu cavalo possamos ser um só corpo. e nós desbravaremos os campos. / de todo jeito é hora de partir. não é possível ficar parado. /

/ segundo movimento / largo ainda é bastante lento, mas é mais rápido que o adágio enfeitiçado... só que não chega ao alegre... largar e ir embora. era inevitável. a entrega completa e repleta se cinge em escolhas. e escolhas são renúncias. sempre. largar é deixar-se, ceder, entregar-se à novos mares e novos ares. desprender. escapar! largo é o espaço em que cabe mais. algo mais novo ainda! mas é de certa forma prolixo, um mais do mesmo. é de certa forma difuso, mas dilatado copioso generoso. é espaço de confluência / aos vinte minutos e dezesseis segundo toca um solo de oboé que remonta esse confluência e faz surgir pessoas de lugares inéditos / mas antes e então sucede um deslumbramento ainda maior. quando imaginava que o cansaço esgotava... é notável que a beleza e amplitude dos campos esperando que você ganhe chão sobre eles a cada galope. é incrível o potencial daquele verde para te fazer sentir vigor. o sangue correndo nas veias como os raios de sol invadem toda a atmosfera. mas é calmo. tranquilo. o cansaço te faz seguir. o horizonte se alarga. parecem que a qualquer momentos anjos e trombetas e uns outros seres alados vão surgir nos seus devaneios sonhos acordados. parece então que não há como voltar atrás e que as melhores decisões de sua vida são tomadas em silêncio a cada passo. teu cavalo não galopa, não trota, não dá pique. ele segue. tem uma firmeza que saí de seu espírito exalando já o cheiro daquele lugar / as pessoas que aparecem com o oboé são pessoas todas pequeninas, sorridentes, bêbadas de alegria. talvez ébrias do deslumbre de viver ali. onde a imensidão verde parece maior que o próprio correr das horas de tal forma que nada, absolutamente nada parecia impossível. / era tarde, muito tarde. mesmo assim saíram para ir ao cinema, assistiram aquele filme tão felizes que devia ter até pipoca imaginária. só porque sabiam e tiveram mais certeza. que nunca é tarde! que tem pessoas legais no mundo, como o bilheteiro do cinema... que a terra do mal, no final, se rende! então tudo bem vermos esse começo se a gente já acredita num final feliz. / venha suspirar nesses verdes prados. eu morro sem morrer de tanto amor. / em um momento de descanso você sobre numa árvore para comer uma fruta sem nome e naquela árvore está a fruta mais linda de todos os tempos da história da humanidade sobre as terras existentes e inexistentes. uma apenas te interessa. não é fácil alcançá-la, não é fácil comê-la. mas é a tua melhor fruta. carrega consigo outras mais. comerá aos poucos pelo caminho. mas todo o sentido de parar e descansar foi a mais deliciosa fruta que comeste. aquela que lhe causou mais uma mudança. existem novos cheiros e novos sabores. novos ares e novas vontades. / as certezas são as mesmas, mas curiosamente estão sempre um pouco diferentes. cada vez mais certas, cada vez mais mudadas.

/ terceiro movimento / porque o riso relaxa, e abre espaço. chegamos aqui em nosso terceiro passo de gigante. dançaremos como uma valsa rápida e desengonçada, mesmo que elegantinha, porque scherzo é piada, brincadeira, galhofa, é gracioso sem nenhuma boniteza. engraçado. é gracioso de ser cheio de graça! e ser cheio de graça é coisa bastante abençoada. é rápido vivo e alegre, cheio de vida própria. sabe ser junto e saber ser por si. / existem coisas inevitáveis. por exemplo: tese, antítese e síntese! um é pouco, dois é bom e três é demais. por exemplo, este texto está bastante longo - está mesmo quase longo demais. duvido que todos leiam até aqui. duvido. mas aqueles que estão comigo, que enxergam os campos verdes, que conhecem o sabor da água. que vivem hoje da mesma forma que viveram nos fins de mil e oitocentos sem saber do futuro mais acreditando muito nele... quem tem certeza de que milagres acontecem a cada sopro de vida e a cada sopro de morte. quem sabe que a magia se alimenta de segundos e que serpentinas e confetis brilhantes imaginários giram em torno de si quando a gente fica tonto de desejo e prazer... quem quer! está pronto pro inevitável. sempre existe uma resposta / então chega o dia de se haver com a necessidade esclarecida de não contar tudo. é preciso aceitar e respeitar essa escolha. é preciso que o seja para ambos os lados. cada um tem seus próprios motivos e é mais do que saudável que tenhamos histórias próprias, filtros claros, privacidade. isso é respeito de verdade! verdade não é dizer tudo. é dizer sim, tudo que deve ser dito. mas não a totalidade. é que quando é demais cansa. eu, acho até que já falei demais sobre minha vida e meus pontos de vista. agora, quero me livrar de alguns e não sei como fazer... respeitar e ser respeitado, isso causa alegria. / então chega o dia... que não se sabe quando falar e quando calar. que não se sabe quando olhar ou quando fechar os olhos, que já não se mede o tamanho e as proporções de um abraço. que todo o caminho ao mesmo tempo está aberto, escancarado, mas é ainda mais esfuziante que mal se sabe o que fazer. o medo inicial do novo e seus percalços já aqui pode virar-se em paralisia. ou não, pode tornar-se definitivamente o lapso de certeza certificada. / se não mais importar palavra ou silêncio. se bastar certeza e presença. se a confiança e o respeito por tudo que é sagrado na natureza. e na natureza tudo é sagrado... se assim puder-se compreender. o compromisso com a terra e com o oceano estará assumido. tanto faz se você prosseguir ou voltar. tanto faz até mesmo se ficar parado. já é sabido que tudo que se move, se move mais dentro de si. ainda. esse é o tempo de sempre é tempo. é o tempo do espelho. sua consciência é o lugar dessas maravilhas. as boas e as más. podes seguir, poder retornar. és livre entre leste e oeste. e sul e norte não importam. posto que o norte de sua bússola está em si. / as vezes é difícil ouvir críticas duras, as vezes é extremamente dolorido sentir-se muito no lugar do outro e saber que não há muito que você possa fazer. todas as respostas mais importantes estão dentro de você. todas as outras você terá que perguntar à quem sabe, e facilmente saberá o que precisa saber. quando estiver pronto, ouvirá o que precisa ouvir de verdade. mas somente ouvirá quando estiver pronto. mesmo que isso lhe seja dito antes da hora, não compreenderás. não ouvirás de verdade. mas quando estiver pronto... /

/ último movimento / alegre e fogoso! / quarto movimento / ainda por cima é o quarto! precisa dizer mais alguma coisa? está tudo resolvido. vai dar tudo certo. / faz é tempo que a lua cheia culmina em nossos dias festivos e acabamos sempre celebrando de algum jeito gostoso... mas também já faz tempo que andamos com muitas lamentações, castigados pelos fatos da vida. mesmo assim... o quarto, a cama, se sustentam, flutuam e nos deixam nas nuvens. também a grama a rede a toalha a mesa o chão o chuveiro a pia e o fogão. tudo, então tudo é nosso. todo espaço é dois por quatro. de pé, deitados, de quatro... alegria e chama ardente melhor não há. nem há também então reflexão que expresse momentos em que palavra alguma é necessária, mesmo que interessante acessório. / mas ainda é mais que sexo simplesmente ardente e intenso. e mais ainda, também não se encerra num romantismo ingênuo que considera o amor nos corpos como a mais sublime expressão do algo mais entre pessoas e que enfim. não. é a liberdade plena. o relaxamento depois do gozo. a certeza de não haver censura neste espaço, e de igualmente não ter limites! é a liberdade de estar ou não, de ser ou não, de fazer ou não. de fazer por si porque quer, ou pelo outro por igual vontade. é o desejo, seu próprio desejo, sendo ativo por teu corpo e recebido e recíproco. a entrega antes de ser para o outro é a sua entrega própria. / eu me entrego. é minha ação. o 'para o outro' vem depois... / o fogo alimenta o calor, aquece o alimento e destrói também... temos que escolher o ângulo, as melhores batatas e cenouras e cebolas... e o que servirá para alimentar o fogo, que é o que não queremos mais, não serve para mais nada, não faz bem, enfim... o melhor fim para tal, é arder-se em lenha! e refaz-se o ciclo. / este final é mesmo desbundante! maravilhante! é o futuro incerto expresso pelo salto de fé. / sigamos em frente. me arrisquei em ter também esse vídeo aqui. que encerra com muita muita alegria todo o exposto! (o título é irônico e crítico...) então ficamos assim. com tudo que nos espera de bom pela frente! /

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