terça-feira, 7 de abril de 2020

que porra de arte é essa?

vamos lá, antes de iniciar a leitura, faça-me o favor de botar essa magnífica trilha sonora para amenizar-lhe as confusões conceituais! esse grande pequeno texto é o resultado de um certo arborismo mental, um domingo de chuva e a vontade de dialogar! eu sei bem que ninguém frequenta este blog. e isso tem a sua beleza! me sinto muito mais livre assim...

ontem conheci uma rapaz de quem já tinha ouvido falar antes.
e... de tudo que tinha ouvido falar, achava-o já um pouco interessante. confesso que até senti certo ciúmes dele ao saber que o cara que nos apresentou lê frequentemente as coisas que ele escreve enquanto sei bem ele que não lê mais nada das que eu escrevo... ciuminho ridículo, logo passou. até porque existe entre eles uma certa distância física e assim leitura é uma forma de estar perto, enquanto que entre nós - eu e o tal cara - existe uma proximidade tamanha que entendo que não faz sentido nenhum ele ler sobre o que eu penso quando está cotidianamente exposto à tais conteúdos!pois bem, sento-me e sinto-me atônita para confessar que, nessa altura do campeonato, eu estive cá lendo uma revista de um partido comunista! logo eu! (gargalhadas) mas sim, li eu ali com certo gosto respeito e curiosidade o texto da página vinte e seis da 'Nova Cultura'. como se já não parecesse piada uma organização comunista chamar a sua publicação com tal nome... desconfio até que ele mesmo, o autor, apesar de compartilhar da ideologia, não goste muito desses enquadramentos pois ontem, ao mencionar sua publicação na revista (do partido) pela primeira vez durante nossa conversa, ele disse "organização social"... curioso...

bem, eu tinha começado a escrever um texto "super crítico" com as minhas pessoais características de ser e escrever: intenso, arborizado (confuso) e ligeiramente leviano... cheio de citações e perrengues e... mas, como gosto muito do tema - a arte - em questão! estou aqui me esforçando e reescrevendo tudo e pensando e sincronizando texto e som e impressão e... juro que vou tentar ser objetiva e clara e, deixar conclusões de cada um para cada um mesmo. de tal forma que o diálogo possa ser mais leve, do tipo amigável e sem aquele ranço do "a verdade é aquela que eu sei, que eu acredito" ou ainda aquela noção de que não é possível discordar e dialogar, principalmente nos meios virtuais e tal...

sem mimimis, vocês estão escutando uma música que chama 'duas semanas na espanha' cuja letra (aparentemente) celebra umas férias na... espanha! olha só! beber um vinho bom num clima ok. mas isso não é suficiente... o gigante nesse disco fez duas coisas incríveis. saindo da sua pegada, se engendrou em gravações para um gosto mais pop com direito à baladinha e tudo mais e... fez isso de um 'jeito' punk. tacando na sua cara o quanto valem e não valem os conceitos e... os caras realmente merecem todo meu respeito como artistas! pelo amor do santo guarda. e incrível. daí que o tal do tema que me cutuca e sobre o qual agora verso é a arte então... nada melhor do que o exemplo!

mas eu me perguntei tantas vezes, sobre a primeira faixa: por que a espanha? oras carambolas, que outro lugar do mundo foi mais anarquista do que a espanha!?!? sem julgar o que resta por lá hoje, com o jovem felipe que bem depois do prazo sucedeu seu velho patético e moribundo rei-pai, coitado. é... parece que não sobra mesmo muita anarquia na espanha (?). mas que os caras tem o sangue quente fervendo eles tem! sei por experiência de convivência própria! não é mesmo à toa que foi lá e justamente lá que o bicho pegou nos anos trinta e também não deve ser á toa que os gigantes escolheram o país para passar suas férias. e acabo de decidir que levarei duas semanas neste texto, my own vacantions, antes de publicá-lo. assim como nada é à toa mesmo quando é por acaso... não estou à toa relendo com o devido respeito os velhos ideais socialistas que venho tratando com tanta falta de paciência. vivo meu momento de reflexão com intensidade. melhor forma de reformular o futuro é olhar o passado criticamente. meu passado já foi vermelhinho e eu confesso. mesmo que só um pouco e como uma paixão distorcida. carnal e efetiva... de nada me arrependo! de absolutamente nada.
nunca mais haverá pecado! (gargalhadas de bruxa) mas já me perdi muito em introduções... não era pra ser objetivo isso?

bem, primeiro, de minha parte, prefiro profundamente escritos desse gênero:
"compreendendo as fatalidades que hoje fazem o homem lutar contra o homem, muitos bons observadores percebem a impotência da revolta pessoal contra a força preponderante do meio social. mas, o bom ser político sabe que, sem a verdadeira revolta e mudança do indivíduo, em seu cotidiano, vida, práticas e relações, para então associar-se a outros indivíduos com as mesmas práticas, valores e condutas e resistir ao meio e procurar transformá-lo, este meio nunca mudará. a verdadeira revolução é, antes de tudo, individual." e isso pode ser lido parafraseado aqui bem como em tolstóis e uns outros desses bacunins ou chomsquins por aí afora com suas ideias tão fora da caixinha que nem mesmo os socialistas entendiam esses malatestas. como assim tirar o estado e...!? oh não, a revolução de verdade é realista e o padrão é esse... há o estado. troquemos um estado por outro: o nosso, comunista e justo, melhor obviamente, diziam. igual ou pior, nas vias de fato. mas os caras vão dizer que de fato nunca foi e que muitas ideias são boas. isso é certo, mas daí falaríamos muito mais de política do que de arte. céus, porque não consigo me centrar no propósito primeiro?

certo. li o tal texto da tal revista e fui logo me remexendo um pouco da cadeira, coisa inevitável quando encontro pessoas que realmente acreditam que o socialismo ou o comunismo são qualquer coisa próximo do viável, real e aplicável aos atuais modos do mundo... sinceramente, depois de um tempo e de alguma experiência pessoal, percebo que essas propostas são velhas, de outro tempo, ultrapassadas e tendo se mostrado inviáveis naquele tempo! como hoje? talvez se surgisse algum partido como o 'novo social blá blá blá' que efetivamente repensasse as relações atuais... talvez eu desse crédito. mas enfim... curiosamente estava ali escrito um texto como tantos outros que eu normalmente não aprecio. mas o divino maravilhoso disso é que o autor do texto não se parece em nada com aquele famoso tipo de militante insuportável. isso não! é um cara com quem se pode conversar e trocar ideias, uma cara divertido, uma cara que trabalha e vive no mundo real (diferente de certos militantes alucinados que vivem no mundo dos pôneis coloridos e querem falar com paixão fervorosa sobre a luta de classes daí... daí a minha paciência realmente não suporta) aliás e inclusive, antes de ler esse texto eu nem imaginava que o novo amigo era 'tão socialista assim'. mas eu já disse antes que estava revendo certas coisas nessa leitura. de verdade, muito provavelmente por causa do autor e também pelo meu atual momento, li de peito aberto. mas não necessariamente com o coração valente, que já seria demais para mim. (risada sem graça de piadinha mal feita)

no conteúdo da coisa em si, acha-se coerência em suas ideias. dentro daquilo à que se propõe, ora bolas, e que não é bem o que eu acredito... lê-se lá um começo-meio-e-fim com o mesmo tom. começo minha crítica pontual comentando meio de ponta cabeça. e... vamos no estilo jackie, por partes. aliás partes mínimas (como já disse) agora sim efetivamente dentro da minha proposta inicial. leia o texto por lá, observe cada conceito reflita por si e da sua própria vida faça você o que quiser!!!:

minha conclusão é que eu gostava mais do brecht antes de ler esse texto :( mas continuo achando que "divertir para comunicar" é uma máxima em convergência com muito do que acredito em relação às tensões e relaxamentos da matéria para se acercar do espírito da coisa! e, também não vou deixar de gostar do brecht por causa disso! e estou aqui rindo porque rir é o que há!

agora me diga: quem são filósofos burgueses? bem, pra não sair a ignorantona da história dei um google no termo "filósofos burgueses" e nada encontrei de objetivo. curiosamente o primeiro resultado da lista era de um site marxista. o que me fez pensar sem muita reflexão que isso pode ser um termo criado por eles, justamente para se referir àqueles que escrevem pontos de vista contrários aos seus. posso estar redondamente enganada. assumo. mas...

à parte de quem sejam os verdadeiros ou falsos filósofos e pensadores e documentadores das visões e modelos de mundo... me inquietou também na passagem citada um outro fato: acho eu, se bem me lembro, que o pensamento que contextualiza a arte em seu momento de criação como um reflexo da vida e coisa e tal, isso é hegeliano... ou seja, pré-marxista. ou seja... ai ai ai ai (começo a coçar a cabeça...) então quer dizer que esse 'lugar' da arte e da criação. essa noção de que a cultura dominante é a cultura da classe dominante e tudo isso e todos os argumentos similares e tal... estão deslocados. não sendo exatamente comunistas, mas verdadeiramente anteriores.

entretanto, em relação à isso, devo expor a minha crença pessoal master blaster, adquirida na prática cotidiana (como artista) e reforçada apaixonadamente quando encontrei a obra de leonard shlain: 'art & physiscs! não me venha falar de análise científica do fazer artístico quando, na verdade mais profunda de todas as verdades, é o fazer artístico que dita a perspectiva da ciência e seu (novo) olhar. todo o impossível de se crer e ver e cientifizar foi (e é!) antes, apresentado pela arte. a verdadeiro artista é aquele que, dentro de seu tempo, enxerga algo além dele. olha para fora e edifica o seu legado num futuro possível ainda não contemplado pela maioria. o artista é aquele que enxerga oque os outros não conseguem ver e procura trazer para a concretude esse olhar diferenciado. acreditando nisso (e eu realmente acredito!) é impossível que um artista esteja 'à serviço' da classe dominante, seja ela qual for. um artista vive e trabalha para a arte. e a arte necessariamente transcende o tempo, os valores e todo esse conjunto amarradinho das engrenagens sociais. assim, dizer que o 'realismo socialista defende que a arte seja...' o que ela é em essência e assim sempre foi! é redundante, sabe?

e, também: nem todo individualismo é burguês. no texto, ele se refere à uma coisa específica. ok. mas lançar por terra o individualismo não está bom... não está nada bom... porque a verdadeira consideração das 'massas' está em compreende-las a partir de cada indivíduo. é nisso que creio. crendo também que falar de anseio 'das massas' é uma coisa caduca! porque anseios são humanos e necessariamente individuais de tal forma que se alguém se acha no lugar e capacidade de definir o que a 'massa' quer, geralmente é uma entidade fora dela, um pensador, situação ou coisa que seja que já não é a massa em si. desculpe. fora isso, só acredito em abaixo-assinados! isso se o cara leu o texto antes de assinar, que muitas vezes não acontece... o estado não me representa, os governantes não são o reflexo da massa, não e não e não. eu não sou a massa. e... eu sou a massa. sabe?

não há mesmo como a arte se descolar de seu contexto social e político, mas ela nunca estará presa à ele. essa defesa de que os artistas socialistas defenderão livremente o socialismo e etc... é redundante também. se socialismo houvesse, estariam os artistas inseridos nisso aí e criariam dentro desse contexto. a liberdade é muito muito relativa. e também, extremamente individual! e... caramba, todo artista busca uma provocação! não? os que considero de verdade... todos... todos provocavam e provocaram!

não ignoro que vivemos atualmente um momento em que arte e mercadoria se confunde, em que os meios de viabilizar a produção

hoje inclusive tomei tylenos do jeito certo graças à ele, o novo amigo filósofo e comunista. ele que me ecplicou que tem que tomar as duas pílulas! hahahaha dessa vez acho que inha febre e minha erupção vulcânica orporal e mental talvez se amenizem rsrsrs

enfim,
e que, talvez, pela aguçada preocupação com o tema, eu tenha encontrando mais alguém no mundo alguém para discutir de verdade alguns conceitos sobre a função da arte, se ele realmente for aberto ao diálogo como me pareceu, para conseguir definir meus próprios conceitos sobre a arte. que tanto penso e repenso... que tanto valorizo e questiono... por achar-me nesse mundo para a bagunça e para a transformação! e por ser uma pessoa de fé cética, lembro aqui que revolucionário foi jesus, coitado, cuja coerência e potencial estão sendo abusados e deturpados por séculos sem que seus 'seguidores' consigam seguir os princípios básicos em suas vidas do 'ame a próximo...' ou o mais difícil e mais mal interpretado de todos 'ofereça a outra face...'

assim, termino aqui com um videozinho didático e triste de um outro artista que muito admiro: shell silverstein. assistam porque é lindo! apesar de triste, como eu já disse... mas daí dá pra tirar muitas reflexões sobre a arte e o que ele representa de seu tempo e como o faz. e sobre o ser humano de hoje em dia e... sobre a noção de amor e os relacionamentos, enfim. tem que assistir!


depois coloquem seus comentários! 
bem, isso é um gracejo da minha parte apenas porque... eu sei que ninguém lê isso aqui. 
pelo menos ainda não...

e ainda, pra arrematar com um jeitão todo especial, pra quem ficou com gostinho de quero mais... outro videozinho também muito interessante da obra do shell, de um livrinho homônimo ao disco dos gigantes proposto no início da leitura. 

e... seja lá como for, aprendi que tylenol bom mesmo é o sinus! desentope a cabeça que é uma beleza! acho até que devia ser recomendado para certos chapolins cheguevaristas desse meu brasil. sem mais. chega que tá bom demais!

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