sábado, 16 de julho de 2016

escarafunchamento

avisei que ia meter o bedelho. meto, meti:
não é possível encontrar mais a conexão onde elas pontes ficaram todas longe.
sem ponto e sem vírgula. sem expressão, sem coisa alguma, quando a gente se acachafandra nas sombras do maldito lugar que mesmo que outros conheçam o caminho, vamos sempre e sempre só, sozinhos. o raio do sol da tarde que uma janela perdida indiferente refletiu o éco do passarinho verde ou de qualquer outra cor... com fofoquices do tempo que não deviam ser ditas mas que deviam ser ditas e o são. não tem evitamento que segure.
porque o que é, é - e sempre fica sendo mesmo quando não se fala. porque os cavalos, bois, unicórnios os cornos todos, bambis leões ou linces ou gaviões, porcos alguns, os homens, os outros e todxs, mulheres e crianças desistidas da vida e desassistidas (por si e por nós) de suas necessidades que deviam ir ou já se encontram no (seu) inferno. esse mesmo que a gente sabe bem onde fica a porta, porque espreita a sombra quase quando... ali e precisamente ali exu revira gaveta e te ataca no meio da fuça a realidade pronta eterna histórica (ah... sim...) nua e crua: a essência da melodia é o silêncio. o bonito do crochê está no vazio entre os fios. a extinção da alma já se deu antes da alma mesmo ser inventada. o resumo do tudo, é o nada. seja porta aberta  ou porta fechada. não há embarcação que navegue todos os mares da imaginação, nem os velhos jequitibás de antes das caravelas... não há formação que contemple as pautas musicais constantemente inventadas que deixaram de ser lidas deixaram de ser escritas simples e pura e obviamente porque nenhum instrumento te toca tanto quanto a sua ideia de si mesmo te toca... o seu melhor amigo é o seu amor. seu amor próprio. propriamente. bestamente randianamente ou egoistica_mente ou social_mente. dois somos sempre. eu sou eu (ou é ela?) e se houver conexão, eu sou nós. somos somando somado no som nos  som_nos. se tem xamego, somos muitos. se faltar... se faltar muito assim como se acabar para sempre. aí sim teremos esperança. sem essa essência... sem a ponte não se sai nunca da ilha! a grande esperança é que se assim for a humanidade entrará em extinção, para sempre. e salva-se aquilo(s) que mais importa! a vida. independentemente da alma da ideia ou do seja lá como for... pra sempre.

e isso foi um pouco resumidamente o que aprendi na ginga sem cordão e nos terreiros de terra seca e batida de pé e voada de vento rasteiro. um pouco só. porque o que senti (o fundamental e brutal nível de 'tamo junto') não tem palavra pra dizer e se disser estraga. o movimento (meu) nesse momento (grande) é de ir voar ganhar chão comer poeira e beber o mar. e antes da falta de companhia para a jornada... e depois do confuso e mal entendido (e    r e p e t i t i v o) abandono ou antes também disso tudo sei que não há um único. em algum canto perdido esse autoadjetivo é lido como abuso, coisa de relacionamento abusivo - que não é bem o caso, só que um pouco é/foi/virou/veio sendo/deixei que fosse/permiti... ninguém é único (bem... eu sou. tá bem, somos todos... ok, mas...) ninguém é único para mim para nada. uma pessoa não se substitui nunca. mas a necessidade... a função... o desejo precisa de atendimento e ao meu redor está um planeta cuja predominante cor é minha predileção desde a tenra criançada. preferida por mim e ouvi dizer até que por tantos outros loucos malucos insanos psicóticos e patológicos seres como eu... azuis índigos cristalinos... a terra toda em verdes bandeiras águas e musgos de muitos tons um horizonte inteiro pantone não sabe de nada que não cabe tanta clave armada ao tentar ordenar o caos pantomímico de realezas turquezas petróleos marinhos celestiais e pastéis com chops e as cores mais quentes vermelhas laranjas vibrantes e amarelos riquíssimos. ninguém é único num mundico mundão com gente a mais de trilhão. estou cheia de ombros e ouvidos e braços mãos pernas pés e apoios e carinhos disponíveis dispostos com disposição, me esperando ali na espreita da virada ali do antigo e velho palace onde vi uma vez um palhaço russo e seus greens fazendo nevar dentro de casa tantos anos atrás quando quase voltei pra mim mas daí quis tentar um plural (e eu gostei muito disso, foi quase outra certeza) e fui me esquecendo de olhar as esquinas e ver ao redor. era só eu botar as cadeiras na rua e os pés a serviço a dança [do universo] [em desencanto] e da plenitude da liberdade que é minha e eu não preciso pedir pra ninguém.

li e reli os versos como estavam algumas várias vezes antes de tentar redizê-los. pensei e repensei em tantas perspectivas quantas pude. reformulei meu jeito de dizer querendo muito ser compreendida. até por essa certeza de que o invisível aos olhos não se comunica nas objetivas pré-moldadas palavras. são necessários muitos dicionários para nós. dois. todos. a roda do destino vindo em minha direção em absurdas e impensáveis voltas pra um vai sem volta. uma certeza tão velha quanto a minha infância (que nem é tão velha assim) uma certeza felina uma certeza cigana ou uma certeza estratégica ou eu sei lá... que podem passar quatro anos e o eu será o eu mesmo, mesmo mudando. podem ir sete anos, eu vou mudar e não vou deixar de ser ela. podem passar dez anos podem debutar podem ser duas décadas. a hora 'agá' é sabida. não será dito ou resolvido por você. vai haver, e haverá de haver! quando sair da boca dela. essa agora boca pequena doce singela inocente vai crescer se abrir grandona se escancarar e perguntar o porquê. e quando o porque virar pergunta é que não tem mais motivo algum pra ser. vai permanecer a certeza, sempre. a certezas retornam. o dois contém o zero. certeza nenhuma. nunca. sempre

Um comentário:

  1. foi sobre um poema de um amigo... e outros dois tantos de coisas!!!
    https://elanalua.blogspot.com.br/2016/06/grande-frota-em-cujos-barquinhos_29.html

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