domingo, 20 de novembro de 2016

conversa interceptada por um satélite sobre o oceano pacífico

Reflito              
Só                      

refletimos
Distantes                  


De todos                      
De tudo
a Sós                    

Sobre minha solidão
e... sobre a Solidão dele
Que de tão profunda                      
Há tanto tempo                      
diz-Me parecer um sinal de ser o Ser mais discrepante da face da Terra                      
Todos encontram alguém, alguns, mesmo poucos, para partilhar um monte de bobagens                  
aO que ele vai de encontro, me-Diz: " presto perco !
Na maioria das vezes pelas minhas próprias mãos. Ora sou repudiado, ora repudio, ora ambos. E assim se vão todos. Nada fica. Ninguém fica. "

penso: " eu não estou cá ?
e não devo ser a única. muitos permanecem. pessoas, coisas, timbres, melodias, interesses. além da certeza de Si. essa coisa danada que não nos deixa, nunca abandona. isso também não facilita. os líquidos de hoje em dia... nos deixam mais e mais perdidos na correnteza... "

" E quantas dessas vezes não foi uma pressão da força oposta, uma pressa, um sutil aspecto  que mudou toda a história. Quantas vezes eu não quis... Partir. Mandar embora. Por quantos segundos vivi meu Verdadeiro Eu ? "

" eu qual ?  Eu quem ? o que desejas ser e sabe que é ? ou aquele que seria mais aceitável ? oU que Ou se ele poderia ser como é e ser ainda amado ? quiçá ainda mais amado em seu singular ?  "

" Quantos o Viram ? Quantos o querem ver ? Muito provavelmente, ninguém. Nem Deus. Nem mesmo Eu. Corta essa de missão, plano, sentido, objetivo. Pra existir... Estou ( me ) reduzido a partes mínimas. Vendo a luz ficar amarela... Vermelha. Vendo a luz se apagar ! Reduzido ao silencio ( so ). Por não poder falar. Por não querer falar. Por poder e não querer. Por querer e não poder. Por ser bom calar. Por ( não ) ser bom falar. Por me sentir idiota por ter aprendido a falar. A aprender e saber. A pensar. A Ser. Acho que seria mais feliz se seguisse meu script. Se fosse um idiota mesmo. Um pau mandado. Que não tivesse encontrado a mentalidade crítica e o conhecimento ( será que encontrei ??? ). Ou já estivesse morto. "

" parece que hoje em dia essa coisa de querer morrer é mais comumente desejada que antes. parece que hoje em dia a gente faz parte de um nada tão grande que certas vezes até o nada desconhecido pode ser de repente mais aconchegante, mais interessante. a morte para tentar voltar ao todo. isso não é uma falta de eu. me parece precisamente, até porque reclamas que nada permanece... é uma falta de ' nós ' até porque o que acho que mais tem é esse eu sobrando. aos montes ( eu_s-ós ) essa coisa entre eu x o outro não só em competir mas em comparar em imaginar o fora o externo desmedir pensar muito julgar e não conhecer não saber não divir ( se ), eu não sei... a gente não pode mais nem deixar a porta aberta. mesmo que não tenhamos medo. todo mundo acha perigoso. vem alguém e, como um favor obtuso, faz questão de fechar a porta ou motivar um fechamento ou provocar que se cerre. ou então criam-se barreiras entre as pessoas, uns pensam que se não se falam podem fazer com que o outro deixe de existir, as não tem como, não sei... eu abro a porta e ninguém ele pra visitar, parece que ficarei a espreita espera de alguém me ataque. assim se dão os contatos. aos ferimentos. tanto causados pela fala ou pela ação como pelo silencio e pela ignorancia ( in ) consiente ( social ) mente. eu também sinto que não me encaixo bem, que pertenço num tempo errado. devia vir só no futuro ! ou deveria ter surgido num passado. o presente agoniza as vezes, eu sei... fico tentando abrir o embrulho com carinho, como se fosse precioso. mas muitas vezes explode uma bomba quando a gente abre a caixa. estou faz tempo tentando aprender a lidar com isso. é... mas eu sei, em algum lugar, eu sei eu sei eu sei que existe um quebra-cabeças sendo montado onde a minha vidinha se encaixa. só por isso e por te ouvir e por poder falarmos de coisas assim, só por isso eu continuo andando nadando correndo cantando fazendo respirando tentando. saber da sua solitude solicita minha presença e me acho acompanhada na solidão. é um passo largo. esse nós existe quando consigo enunciar a frase completa: nós estamos sós. que dita assim no plural, já nos junta. mas ainda é um paradoxo. desses irrespiráveis. porque para sermos juntos não devemos deixar de ser a própria parte. porque ? é nisso que a sensação de uma idiotice mais feliz reside. e toda essa incomodação. eu quero ser eu e quero poder ser com tu e com todxs mas sem ser pastelão, pasteurizado comédia comedido moído despedaçado em pedacinhos mínimos comportamentos óbvios números, coisas... por vezes eu penso que eu sou como o jumento... desgarrado, desprezado, trabalha de graça, mas o mais sábio líder que os saltimbancos tiveram nas letrinhas do neto do pai dos burros. só que agora, ocupar e resistir se aplica ao eu, ao corpo, as ações, os pensamentos. precisamos nos reapropriar dos pensamentos que nos são próprios, nos escutar, dar espaço pra esse eu-parte-do-todo ser um Eu. será ? "

" Vamos ? "

" vamos "

ao Espelho
adiante
através
e mais

Refletir

junto ( os )

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