começamos com essa menininha linda! que provavelmente está em processo da aprendizagem sobre o significado do que ela traz na mensagem no cartaz. o que ela está aprendendo?
MEU CORPINHO, MINHAS REGRINHAS. DESDE JÁ E SEMPRE.
que o corpo da mulher é a sagração da natureza?
está aprendendo a ser respeitada?
(pense isso... a 'formação' pelo corpo é tema profundo da filosofia! para ambos os sexos)
que outras pessoas podem querer machucá-la?
que as pessoas podem querer usar o corpo dela?
será que está aprendendo a ter algum 'medo'?
que precisa estabelecer regras para o seu corpo?
(enfim... que raios o adulto explicou para ela ao tirar essa foto e que percepção de mundo a criança vai ter a partir dessa pequena experiência?)
a seguir, uma imagem que eu pessoalmente adoro. irônica, clara, direta e efetivamente contra a clássica ideia de que se uma mulher está com pouca roupa não é para se mostrar, se exibir, chamar atenção, muito menos ser estuprada. super válida, super bacana.
essa imagem nos faz refletir sobre os usos do corpo. desfaz a ideia de que o corpo da mulher é puro objeto sexual. é brincalhona, libertária mesmo.
eu adoraria andar sem camisa, ou pelo menos de sutiã na rua nos dias de calor. confesso que certa vez, num momento um pouco insano, já andei só de sutiã no carro. com calor, janelas abertas e, obviamente muitos caras mexeram comigo.
(foi um dia em que eu estava pra lá de bagdá)
(foi um dia em que eu estava pra lá de bagdá)
ninguém me agrediu. aquilo chamava atenção por que era coisa atípica! por que eu sou bonita oras... porque o corpo da mulher foi projetado por darwin para ser atraente, as curvas são atraentes. o corpo feminino é lindo. chamava atenção. mas que se foda! olhar não arranca pedaço, mesmo! ninguém pode privar o olhar e o desejo do outro! a vida continua e por sorte (ou talvez nem tanto) ninguém me estuprou e nem insinuou isso. foram paqueras normais. alguns caras inclusive mal sabiam como agir.
to falando de uma situação cotidiana banal, não era nenhum 'ato' ou 'manifestação'. situação de um dia comum, uma mulher dirigindo com calor. fato fatídico que estar dentro do carro me protegia. reconheço. e, sim, eu botei a camisa quando cheguei no lugar aonde ia... uma pena.
agora vamos lá! vamos ler as frases da campanha da cervejinha agora com muita calma, respira, tenha calma, leia pelo menos três vezes cada uma das frases...
TOPO ANTES DE SABER A PERGUNTA.
TÔ NA SUA, MESMO SEM SABER QUAL É A SUA.
ESQUECI O 'NÃO' EM CASA.
pelo que vi nas fotos a campanha original não tinha nenhuma frase extra. mensagem adicional ou explicatória. ou seja, parece tudo óbvio, mas é duplo sentido. a maldade está nos olhos de quem vê e das mentes (sujas) que interpretam... de verdade as mensagens sugerem uma certa perda (ou abdicação) de controle, a liberação extrapolada e a libertinagem sexual comuns no carnaval brasileiro são sugestionáveis. são os exageros que as pessoas cometem no carnaval. mulheres e homens. ambos.lançam-se à prática procriatória como se fosse a única época de acasalamento do ano e não houvessem ciclos menstruais nos outros meses. se embebedam como se nunca mais fossem ver cerveja na vida. vão atrás do trio elétrico só porque estão vivos e só não vai quem já morreu. a meu ver a primeira frase é daquele amigo que é pau pra toda obra. você chama? vamos pra praia? vamos! vamos tomar ali uma garrafa inteira de absinto? vamos! vamos nos jogar da janela juntos e morrer felizes para sempre? vamos! é uma colocação imbecil, mas que dentro de um contexto amigável e razoável, sugere a postura de uma pessoa disposta. tu imagina que é pra se divertir, pra beber, ou pra transar por que é carnaval. a frase não diz isso. a publicidade é uma maquininha malévola mesmo. rsrsrsrsrs mas a frase em si, não é apologia à nada exatamente específico. se eu visse (antes desse bafáfá todo) eu interpretaria tipo: nossa, quem bebe skol é um idiota que não reflete sobre porra nenhuma. ponto negativo para a marca. a segunda frase vai exatamente no meeeesmo raciocínio. mas francamente, se formos mosqueteiros no melhor estilo um por todos e todos por um. faz sentido e parece mais legal, mais heróico. mas o 'mesmo sem saber' fode com tudo. tô na sua, sou homofóbico mas é carnaval, gostei da carne, então mesmo se for traveco eu tô pegando! essa é a minha leitura! rsrsrsrs agora a terceira frase foi a que deu o que falar... aí as mocinhas super heroínas feministas responsáveis cidadãs e vencedoras desta árdua batalha contra o 'falo mau'...
quem foi que disse que só as mulheres dizem não no carnaval? quem foi que escancarou ali que isso seria uma sugestão para especificamente uma mulher dizer? acaso a mulherada em peso respeita 100% das vezes em que um cara diz à ela 'não, não quero tal coisa'? a moça as vezes não se melindra toda para convencer o macho com seu incrível charme feminino e outros métodos emocionais. aliás, quem foi que disse que essa frase se dirige diretamente ao sexo, beijo, pegação. francamente na minha leitura despida de preconceitos tipo a sociedade é machista eu preciso me defender nesse mundo etc... a meu ver ela poderia estar mais relacionada as outras duas frases: topo tudo, vou sem pensar, faço qualquer coisa, vou pra qualquer lugar, uso qualquer droga ou, sim também serviria para, traço qualquer um ou dou pra você porque to dando pra todo mundo. mas essa é só uma interpretação! uma interpretação que alguns podem apontar como androfóbica! partindo de pressupostos estruturados numa coisa muito frágil que é a crença ideológica. minha interpretação à 'resposta' das moças posando para a marca de graça, junta algumas esquisitices. me parece que...
as pessoas são ignorantes.
que não temos educação nem mesmo para refletir sobre a publicidade.
que as pessoas precisam de ajuda para identificar a maldade.
é a propaganda que faz alguém escolher.
é a propaganda que sugere atitudes.
que somente as mulheres dizem não e são desrespeitadas.
que as mulheres nunca querem.
que no carnaval as mulheres se dão muito mal. todas desprotegidas e frágeis. (aí a dicotomia!)
que a cerveja é tão importante e relevante que sua propaganda precisa ser destacada/criticada assim...
ok. deixo registrado meu mea culpa mea maxima culpa. critico elas por dar muita visibilidade ao fato enquanto estou aqui escrevendo no entanto... só que me incomodou a superficialidade e falta de noção da abordagem... de certa forma sei que estou agindo igual. mas consciente, eu não sou jornalista, nem publicitária... por formação sou historiadora. o que por si faz com que a diferença na ação seja grande. mas antes, escrevo mesmo como mulher e com meu direito à palavra. então tanto faz.
o pior... veja só: o que uma mulher usa como gesto e símbolo nesses caso? o dedo do meio!!!! o dedo do meio minha gente, reforçando, como nos velhíssimos anos iniciais do feminismo que as mulheres são 'tão fortes quanto' os homens, podem usar calças igual aos homens, podem fazer igual ao homem... eu tenho um pinto aqui também na minha mão! minha gente, o que é isso? eu, que sou mulher e acredito que já possamos enxergar e agir em outro patamar de igualdade... mostro o dedo do meio pro cara que me xinga ali na rua... mas uma publicitária? rogando reflexão e cuidado com a publicidade? sem mencionar o fato de que de um jeito ou de outro ela está sim aumentando a visibilidade da marca... está botando lupa no pêlo do ovo e reforçando coisas que muita gente sequer leu... ou seja, reforçando mesmo, dando força pra um tipo de pensamento! me posa na foto mostrando o dedo do meio? desculpem, mas nada vai me convencer que esses conceitos estão 'in' enquanto você continuar apegada à ícones do século passado. feministas todas! pensem mais pelo amor de deus ou do diabo!!! reflitam! um símbolo fálico para dizer 'eu sou forte'? não faz sentido! que femeas são essas afinal? e também, ninguém perguntou, mas eu vou dizer... a linda ideia do "trouxe o nunca" - que chatice, hein? a morena realmente eu não pegava nunca!!! a outra talvez, se fosse um pouquinho mais inteligente, talvez. de todo jeito, palmas para elas. a atitude - e ter atitude é fundamental - mesmo que não se concorde conceitualmente com tudo... a atitude foi significativa e teve repercussão. aliás, a repercussão reforça ainda mais o preconceito, que é social, o óbvio coletivo e desprovido de critério. reforçar o preconceito, assumi-lo onde ele não necessariamente estava é... é complicado. é uma criação de valores...
a prefeitura de curitiba, cuja página é uma das mais fofas entre as páginas institucionais do país inteiro, eu acho. me solta essa: 'não é não' ! óbvio, lindo, perfeito. aí, vamos lá, vamos assinar em baixo que realmente aquele cartaz lá que as meninas não gostaram se referia às mulheres. ponto. 'respeite nossas mulheres'. adorei, vou pra curitiba e posso desrespeitar a homarada à vontade! delírio! hashtáguipartiucarnavalemcuritiba. isso aí, parabéns.
mas a revista nova se superou! sabe aquela do "cú de bêbado não tem dono?"
não sei se vocês tem isso desse jeito na memória, eu posso estar maluca, mas na minha lembrança o ditado vem assim, no masculino! o que sugere que serve para ambos os sexos posto que gramaticalmente por um motivo provavelmente machista e com o objetivo exclusivo de diminuir as mulheres. ou o que sugere que todo homem que bebe é um homossexual em potencial. escolham suas interpretações. são livres! eu sempre vejo no plural. mas fato é, estava no marculino e a revistinha vai lá é... publiciza "bêbada" ! então, claro, os homens bêbados estão todos facinho.
inclusive, se a gente for seguir a risca a presidenta, se for seguir à risca as feminazis, ou até de repente outros grupos de mulheres radicais desejadoras da maçonaria matriarcal e engajadas na reforma gramatical, talvez vocês consigam feminilizar o plural. daí teremos um exclusivo 'cú de bêbada não tem dona' estaremos muito bem arranjadas na sêmantica. tomando de vez para nós a responsabilidade pelos feitos todos da humanidade.
obtiveram resultados. as feministas tais. em pouquíssimo tempo fez-se uma força tarefa para sumir com uns e trocar por outros. outdoors. eis o que surge:
NÃO DEU JOGO, TIRE O TIME DE CAMPO
TOMOU BOTA? VAI ATRÁS. DO TRIO.
QUANDO UM NÃO QUER, O OUTRO VAI DANÇAR.
Todas seguidas com um "neste carnaval, respeite" para deixar bem claro o intuito da troca das mensagens. na minha perspectiva, essa frase pequenina do final deveria ser a principal. a principal. respeite neste carnaval, na páscoa, no dia internacional da mulher, no dia do índio, do negro, dos namorados, nonas bodas, durante as brigas inclusive, sempre, na diversidade e na adversidade. respeite. me pergunto por que isso e não aquilo, algumas vezes? por exemplo: tem dia do homem? se tem é porque... e se não tem é porque... a consciência branca é xenofobia, mas a negra é retratação histórica. é... faz sentido, num contexto, enquanto continuarmos pensando no mundo cheio de fronteiras e limites. eu que não vou ficar esperando meu aniversário para celebrar a vida. a vida é todo dia. então todo dia é dia de tudo e de todos e ponto. as datas são homenagens simbólicas.
mas frases novas são todas pessimistas: perdeu. desista. se o outro não quer, dançou. cadê o diálogo??? são idéias de perdedores. de fracasso. de aceitar o não e ponto final. é uma bosta! aceitar, ok. respeitar, sempre. concordar? desistir? se ferrar? não ter opções? bem, a única que salva um pouquinho é a do meio. essa do 'vai atrás do trio' eu aqui com a minha mente suja (que eu também tenho a mente suja) já pensei logo num menáge. rsrsrsrs fazer o que, é carnaval né? não é pra pensar em sexo e pronto? taí, pensei! rsrsrsrs mas além dessas todas, eu vi mais uma por aí, da 'primeira fase' da campanha. porque não tinha o 'respeite' na linha inferior explicativa e conscientizatória. só a frase:
A GENTE BOTA PRA QUEBRAR. E PRA REQUEBRAR.
to pra ter um treco porque ninguém se indignou ainda que essa frase acima - o único outdoor da marca que vi pessoalmente no ponto de ônibus atrás de casa. veja se essa frase não é esquerdista? não baderneira e faz apologia ao pt? parafraseia a dilma gente: "vai ter sim, e se reclamarem vão ter duas." lembram? não é tipo... exatamente a mesma mensagem escrita de uma forma subliminar subjetiva para que as pessoas se familiarizem e gostem mais dos petistas? aceitem o autoritarismo. aceitem a baderna instaurada!!! precisamos denunciar isso porque com quebração e quebração de novo esse país vai ser demolido, não é mesmo? ô cervejinha maldita... dando fora a campanha inteira! puts... convoco todos aqui para um ato no ponto atrás de casa porque essa apologia ao pt não pode ficar assim! eles devem ter recebido dinheiro do mensalão para fazer isso! publicidade do governo! é um absurdo! não perceberam a mensagem escondida clara e direta que quer dizer só isso!?!?
pelo amor do santo guarda né? o único problema da campanha toda de verdade é incentivar a idiotice e a falta de critério, apresentar como algo legal uma 'escolha por não fazer escolhas' e embarcar em qualquer roubada. ou, aceitar e não ver opções, na tentativa de se redimir. todo o resto é devaneio de princesa da disney revolucionária. me desculpem. eu entendo assim. sugiro que façam o teste e perguntem para pessoas avulsas alheias à este pequenote rebuliço: o que você acha da frase 'esqueci o não em casa'? se você visse ela num comercial de cerveja em que pensaria? em que situação aplicaria a frase? enfim... facilmente perceberá que o cisco está no olho de quem vê. provavelmente as únicas pessoas que colocarão a frase nesse contexto de estupro serão mulheres livres incríveis feministas paranóicas mais preocupadas com uma ideologia do que com um mundo novo. talvez nem mesmo mulheres que já tenham sido estupradas façam essa leitura. (claro que não farão porque afinal as mulheres também são machistas e blá blá blá é a síndrome de estocolmo e blá blá blá) a campanha é ruim. é ruim. eu, como consumidora, simplesmente iria ler, achar babaca e associar à marca uma atitude negativa que não diz respeito à minha visão de mundo e marqueteiramente falando isso me induziria a escolher outra cerveja, talvez eu comprasse até kaiser... simples. sem dramas. propaganda ruim, marca ruim, não gosto, não consumo. acabou. todo o resto, essa apologia ao estupro, pelo amor de deus, quanta fantasia! mas que devia ter uma regulamentaçãozinha básica na publicidade de drogas (dessas e das que serão legalizadas) da publicidade para a infância, da propaganda enganosa, enfim. isso devia sim! sempre... não sei até que ponto de cima para baixo ou se mais efetivamente de baixo para cima... mas os publicitários precisam realmente reinventar o seus serviços porque eu vou te contar...
agora, igualdade de gêneros mesmo: um exemplo que eu gostei muito! na real, foi ler isso sobre a lego. na década de setenta já escreviam - por razões comerciais, talvez, claro que vender para os dois sexos é vender mais do que para um só! poxa, só que é sem dúvida um vislumbre igualitário: os dois podem consumir igual, mesmo que capitalistóide é lindo... não vejamos tanta 'maldade' em tudo, ok? nas recomendações de uso do brinquedo vinha escrito que era para meninos e meninas brincarem igual. eu achei demais! o que seria uma coisa de 'engenheiro' brinquedo de menino. fez-se num óbvio: todas as crianças são criativas, todas as brincadeiras servem para ambos os gêneros! crianças brincam igual. não é mais legal? reforçar o positivo é sempre melhor do que reforçar o negativo. até porque, reforçar o negativo é de certa forma dar publicidade à ele... educação vêm de berço, de exemplo, não é coisa de informação, uma frase solta não ensina nada, valores não surgem no outdoor. só topa quem saber qual o programa quem não aprendeu que pode e deve ter um olhar crítico e escolher. posso estar redondamente enganada. e esse 'redondamente' nunca me pareceu tão bem aplicado como agora kkkkkkkk. aceito críticas. de ambos os sexos.
então, vamos brincar o carnaval?
fiz uma brincadeirinha a partir deste texto : http://elanalua.blogspot.com.br/2015/02/exercicio-imagetico-ou-verdades.html
ResponderExcluirmas no final das contas as campanhas publicitárias tem mudado muito graças a atitudes como essas :)
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