terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

tiny fairy tale

era uma vez uma historieta que sendo conto de fadas tinha uma música própria. essa aqui! e...
esse conto que eu vou contar poderá derrepentemente ser resumido por três pequenas constatações: tese, antítese e síntese. assim como uma grande ideia mirabolante precisada de tempo e de ar para se estruturar.

era uma vez uma árvore. que via tudo acontecer. ela vivia há mais de mais de oitocentos anos e nada nada nada nela parava. certa pronta pousou em seu tronco uma espécie brincalhona demorada de tristezas e cansada de tropeços. sentou como desabando. procurava desenhos e mensagens nas nuvens. e ali ficou escorada durante um tempo muito grande. um tempo que só uma árvore podia agüentar. tempo largo de ungüento tardio mas pontual. tempo de pensar nas imagens refletidas e nos passos dados. quais foram firmes e quais foram em falso? o que foi em disparada e o que foi em vão?



e assim a árvore viu. e viu uma menina esperando e... não havia quem sabia de onde ir ou pra onde vir para tirar a menina de lá. seus sapatos apertavam porque os pés já tinham crescido e ela não saia do lugar. encostada. esperou que joão do pé de feijão viesse mas todavia entretanto ele não veio nunca. nada mudou de lugar e a árvore seguia firme. esperando. esperava que a meninota parada voasse dali como tudo que ali passava e voava. e ela humana lá com defeitos represados.

certo dia havia de suceder coisa que dali a tirasse. seus devaneios de terra do nunca teimavam em se misturar com pensamentos que se multiplicavam como coelhos malditos ou ratinhos famintos. e quanto mais ela procurava uma resposta para sair dali, mas ela se afundava em mil dúvidas e mais e mais ela permanecia presa à condição de quem observa mas nada consegue fazer. stuck in herself. in her selfie... mas, se havia de haver certo dia... eis que houve. as folhas caducas da árvore perceberam seus encaracolados confusos e embricados pensamentos soltando fumaça e dessa vez entenderam que era preciso um intervenção maior e bem mais grande. era preciso eliminar as coisas caracolinhas daninhas e mesmo sacrificando alguma coisa, sairia dali o pensamento bom, a riqueza, a sabedoria... sairia... se ela se desencantasse e permitisse que o equilíbrio e estabilidade ganhassem também movimento. se ela conseguisse se virar e se equilibrar também invertida. se ela conseguisse...

depois do tempo perder a conta subia cheiro de enxofre de seus cabelos. aquilo exalava um pedido de ajuda que ela não conseguia elaborar e que a árvore embora percebida das coisas nada muito podia fazer já que estava sempre lá. aguentando. firme e silenciosa com sua paciência centenária e sua sabedoria armazenada em litros que não se podia beber. eis o momento em que surge o fagotista na nossa historieta. chamado pela intuição, sabia que serviço ali havia. precisaria tocar muitas escalas até que consegui reunir todos os caracóis encucados e aquelas memórias lesmas. precisaria de suas melhores e mais elaboradas melodias para conduzir todos os fatos daninhos para longe da menina. de muita música ele precisaria. checou sorrateiro e... mesmo mercenário encarava sem muita expectativa aquele trabalho. ele via o desafio lançado. veio e ficou pendurado.



pendurado observava. os signos da vida e da morte dela. enquanto a menina pensava apenas que deveria conseguir sobremaneira que talvez conseguiria se... e talvez se... ou somente se... ela pensava parada. havia mergulhado fundo naquela piscina, naquele poço, naquele mar. ele vinha navio para embarcar. pendurado assobiava vendo as coisas sob outro ponto de vista. se esforçava para manter-se atento e tranqüilo sabido de que suas canções poderiam sim retirar dali todas as ratazanas dos esgotos molhados sombrios pensamentos de vazio ou que também podia, se fosse egoísta apenas, dali sugar o pólen do fruto criativo cremoso saboroso e divino... poderia levar para longe a maldade ou levar para si as crianças crias criativescas. realmente o furacão daquelas madeixas era muito mais forte que muita ventania que se vê por aí. não parecia tanto quando se via apenas ali parada a menina quieta como engaiolada. mas era um senhor furacão!

com seus instrumento. forte e gravíssimo principiou os trabalhos vacilando sobre seu próprio intento. se é que ele queria mesmo ajudá-la precisava ter muita cautela para não ir além do ponto certo. tocava com parcimônia. tocava o que tinha embaixo do dedo para poder continuar prestando atenção em cada expiração mal cheirosa e em cada inspiração do há de vir dela. aos poucos foram reunindo-se as sombras e ficava cada vez mais claro que sua quantidade diferia em muito das imagens belas mas conquanto entretanto a sombra do pensamento era espalhafatória, não podia se multiplicar então se dividia em muitos pedaços. isso fazia com que fosse ligeiramente mais complicado reunir tudo. mas ele continuava tocando o seu fagote. aos poucos foi reunindo tudo. aos muitos foram se juntando as tormentas. num instante repente a garota se levantou subitamente e deu um pulo! e chacoalhou a cabeça como quem chora ao respirar pela primeira vez. chacoalhou a cabeça como quem pensasse uma coisa absolutamente nova.

o inédito era então que ela podia sim levantar e partir. nada mais prendia ela ali. nenhuma resposta foi dada. nenhum dúvida foi verdadeiramente resolvida mas o quebra cabeças se encaixou de alguma maneira. ela não sabia da ajuda do fagotista, não o havia visto ainda. mas... em pouco tempo ele veio lhe cobrar o serviço, explicou os fatos e cobrou a dívida. ele era quem tinha libertado a menina de sua própria prisão e ela não conseguiria voltar para o seu pequeno circo sem pagar por isso. ele ajudou-a a levantar-se. ele queria um pouco mais do que um agradecimento ou ser lembrado ou... ele queria que de alguma forma ela estivesse para sempre com ele como um tesouro incalculável. não nos cabe aqui descrever exatamente o que houve. não se sabe como ela conseguiu pagar e nem o que exatamente ela levou consigo.


mas é sábio e sabido que ela conseguiu viajar. voando do ninho no topo da árvore para adiante com uma bagagem cheia de estrelas. talvez levando algumas sombras organizadas em seu devido lugar para poder usar nas pinturas sobre a noite. levando com certeza as crias todas suas de seus encaraminholamentos bons. e... possivelmente trazendo também o fagotista ou pelo menos seu fagote.  e a menina ficou feliz. não necessariamente para sempre. ela ficou feliz. feliz e com música!




à citar os desenhos são de um tal degare e a lenda inspiradora é de uma citação da citação que achei daqueles tais de grimm. só podia ser coisa profundamente assustadora tal como o fato do gato ter sete vidas o filme ter nove portais e as coincidências às vezes serem tão tão tão embasbacadoras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário