terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

embróglios de sábado a tarde

embróglios mentais, conflitos pessoais, desastres estratosféricos, tragédias íntimas.
no pico do auge do clímax máximo. sábado de tarde. no meio do ensaio. nada vem do nada.
tento e retento escrever para clarear minha mente mas, é tão sutil tão abstrato tão subjetivo. muito bem, vamos aos fatos:


ensaio de orquestra. sabadão pré-carnavalesco. estou no meio de uma crise. dessas novas de um ano pra cá: uma crise mista. pior ainda: estou 'naqueles dias' e tudo se agrava ainda mais. fraqueza desarranjo enjoo embrulho dores indisposição apatia e uma tristeza descomunal dessas que faz você querer sumir do mundo e não viver nem mais um segundo. ainda assim eu fui. saí de casa para o meu compromisso já que meus problemas e sintomas são leves. eu achava. eis que ali naquela tarde de frente para a estante do bassoon dois meu mundo desaba a morte espreita e me fita fundo... olha bem dentro dos meus olhos e diz em silêncio: você não merece nada disso. você não queria estar aqui. você não pode ir à lugar nenhum. você não vai se divertir nunca mais. seu fardo é carregar vontades inconclusas. você vai definhar nos seus desejos porque você não tem o direito de sorrir nunca mais. esse olhar me causa medo. me apavora o éééco do nunca mais nunca mais nunca. me paralisa. medo de ir. medo de ficar. medo das pessoas. medo da solidão. medo de mim. muito medo. não faz o menor sentido mas eu passo o final do ensaio todo sentada tentando tocar tentando fingir que ainda sou eu ali e chorando baixinho e tentando seguir em frente. as pessoas reparam, algumas tentam se aproximar mas eu evito. eu tenho medo de encarar isso. eu não sei o que dizer porque alucinações não têm explicação! eu confio então na única pessoa que acho ser confiável ali. eu espero algum tipo de lealdade e ela momentaneamente existe. não exatamante como eu precisava que fosse, mas existe. depois eu percebo que talvez tenha sido piedade apenas. hoje isso me destrói ainda mais. não há mesmo ninguém no mundo?

já se passaram três dias e zilhões de tentativas de trabalhar isso tudo. a montanha russa não parou e eu fui de alto à baixo diversas vezes e... zeus! nem tu saberás precisamente o quanto tentei o quanto me perdi nessa busca de mim o que consegui e onde falhei tremendamente. nem bem eu sei... tudo que sei das certezas muito grandes é que eu não vou desistir. tenho que me respeitar e me escutar mesmo quando ninguém em volta percebe o que está acontecendo. que preciso extravasar (e escrever é uma benção!) e que preciso deixar fluir porque tudo nessa existência é passageiro. nunca mais, passa. pra sempre, passa. na passarela, passa. a pressa, passa.

passa!

o tempo. a depressão. a euforia. dizem até por aí que nada disso existe! pergunte ao sr. nascimento e ele te convencerá que na existência do absoluto tudo é e... nada há! umas vezes as sombras vêm me tapar os olhos espremer meus nervos e me perguntar se eu (esse nada imprestável) se eu existo... existirei eu? como? onde? quando? por que? noutras ocasiões luzes néons extravagantérrimas ofuscam o cotidiano gritando insandecidamente para mim que eu tenho grandiosidades a realizar! estou perdendo tempo! preciso agir! logo! minha vida deve servir para mudar o curso da história da humanidade! preciso correr! quer merda. eu sozinha pequenina frágil também e cheia de vontades e de repente gigantesquices me assombrando feito anjos entorpecidos de sabe-se lá o que... poderei eu? como? agora? já? qual o sentido disso? se existem tantos e tantos dias que vivo pacatamente, agindo grão em grão dia a dia tudo bem tudo legal, não posso levar a vida corriqueiramente e viver uma vidinha 'normal' tá tranquilo tá favorável? quero uma vida normal mas, no fundo eu rejeito muito essa anormalidade que me é imposta. não rejeitando o jeito que sou. apesar das inúmeras dificuldades, eu aceito tudo isso e quero conseguir lidar com isso e provar por a mais b que eu sou tão normal mas tão normal como qualquer outra pessoa! todo mundo é meio louco oras bolas. cada um com seu jeitão e suas manias. o meu normal é diferente. é só isso. no fundo ninguém é mesmo igual. por que eu deveria carregar esse rótulo, essa bandeira, esse estandarte da anomalia? eu sou normal. apesar de não perder a fala diante do abismo (me desculpe, arnaldo) eu sou normal. apesar de até sentir um certo prazer em olhar pra baixo e ver o cheiro das alturas (é ridículo but i believe i can fly) eu sou normal. apesar de escancarada (knock knock who's there? ela. ela who? e... ela!)  eu sou normal. apesar de agressivamente transparente (mostra tua cara!) eu sou normal. eu não estou doente e isso nunca vai ter cura porque eu sou normal. apesar de precisar trabalhar muito para amenizar as coisas para que eu possa viver alguma rotina e ter disciplina e constância e dar conta de construir alguma coisa e conseguir conviver e ter intimidade com as pessoas que amo e prezo sem machucá-las de vez em quando as vezes muito e sofrer tanto com isso. eu sou normal.

me deixa!

ou vem comigo?

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