quarta-feira, 21 de maio de 2025

não faz sentido

ir embora é fácil. se e quando a gente decide ir... se é fato por si é pegar as coisas materiais ou não, juntar trapinhos e por o pé na estrada. tudo o que fica pra trás vai escorregando pela caminhada

as memórias não, as memórias nunca. as boas, as ruins, as doces, as amargas, as surpresas, as insônias das madrugadas, os pesares e as boas novas. a memória é lugar, é pessoa, é coisa acontecida mas é sem mapa, com muitos rostos e a lembrança é viva e é líquida.

morrer deve ser fácil...? talvez... 

escolher morrer eu já não sei... mas ir-se de susto, porque?
nunca se está de fato pronta no ponto, preparada pra ir, sem mala nem cuia a carregar tudo ou largar, não dá tempo né, dá? será que vai acumulando as experiências em algum lugar? ou a gente vai esquecer completamente? será que ganhamos uma caixinha de lembranças, mesmo que pequenina?

eu tô viva e eu não quero esquecer 
quando eu morrer eu não quero esquecer e se você morrer eu nunca vou esquecer



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